quinta-feira, novembro 15, 2012

"A CIÊNCIA DO TEMPO SOBRE AS VISÕES DE EZEQUIEL.



A CIÊNCIA DO TEMPO SOBRE AS VISÕES DE EZEQUIEL.


Pergunta: Qual é o significado da palavra Cronologia ???
Resposta: Significa a ciência das divisões do tempo e da determinação da ordem e sucessão dos acontecimentos !!!

“Olhei e vi uma tempestade que vinha do norte. Raios saíam de uma nuvem enorme. Em volta da nuvem, o céu estava em fogo, e no meio do fogo havia uma coisa que brilhava como bronze. No meio da tempestade, vi o que me pareciam quatro animais. A sua forma era de gente, porém cada um possuia quatro faces e mais 4 asas. As pernas dele eram retas e tinham seus cascos parecidos com os cascos de um touro e que também brilhavam como bronze polido. Além das quatro faces e também das quatro asas, cada uma possuia quatro mãos de gente, e cada mão se encontrava debaixo de cada asa. E aconteceu que duas asas de cada animal se encontravam abertas e com suas pontas tocando uma na outra. Após isso, estes quatro animais formavam um quadrado e andavam em grupo, sem precisar virar o corpo. Cada animal podia olhar para as quatro direções, e por isso o grupo ia aonde queria, sem precisar se virar. Entre os animais havia uma coisa que parecia uma tocha acesa que sempre se encontrava em movimento. O fogo da tocha aumentava, e com isso começaram a sair relâmpagos. E os animais corriam por todos os lados feito relâmpagos no ceú. Sobre o chão haviam quatro rodas, sendo uma roda do lado de cada animal. Porém todas as quatro rodas eram iguais, e todas brilhavam feito pedras preciosas. Dentro de cada roda havia uma outra roda que se encontrava atravessada, e assim, mesmo sem virar, as rodas podiam se movimentarem para qualquer direção. Todos os aros das rodas eram cobertos de olhos. Acima das cabeças dos animais havia uma coisa que parecia uma cobertura feita de cristal brilhante. Acima da cobertura havia uma coisa parecida com um trono feito de safira. Nele, estava sentado alguém que parecia ser um homem, e que brilhava como bronze no meio do fogo. Todo o seu corpo brilhava com o mesmo clarão de fogo. Na sua luz havia todas as cores do arco-íris nas nuvens. A luz brilhante mostrava a presença da glória do Senhor. (Ezequiel cap.1 vers.4,5,6,7,8,9,12,13,14,16,17,18,22,26,27,28).

“Cada animal possuia quatro faces diferentes: na frente tinha o rosto de um homem; do lado direito tinha o rosto de um leão; do lado esquerdo tinha um rosto de um boi, e atrás havia o rosto de uma águia. Todos os quatro animais possuiam asas, onde duas asas de cada animal se abriam para cima e tocavam as pontas das asas dos animais que estavam ao seu lado; e com as outras duas asas eles cobriam seus corpos.” (Ezequiel cap.1 vers.10,11).

Ezequiel era um sacerdote que morava exilado na Babilônia, onde também haviam vários outros judeus que haviam sido levados para lá como prisioneiros. Como sacerdote, Ezequiel tinha uma grande preocupação com o templo, com a presença de Deus, e também com a observância da Lei.

Um certo dia, Ezequiel teve uma visão do trono de Deus que se encontrava no meio de uma tempestade vinda da região Norte, onde raios saiam de uma enorme nuvem. Além dos raios que saiam daquela enorme nuvem, Ezequiel também viu o fogo se espalhando pelo céu em volta da enorme nuvem, onde no meio do fogo havia uma coisa que brilhava como bronze. Tanto sobre a nuvem como também sobre o fogo que estava ao redor da nuvem, Ezequiel conseguiu identificar algo que pareciam ser 4 animais “simbólicos” (4 seres vivos).

As visões que Ezequiel teve, podem nos apresentar um fantástico mundo espiritualmente sobrenatural, e às vezes, a intensidade das imagens podem sufocar a mensagem que o profeta quer transmitir. A correta leitura da Bíblia pede que não nos assustemos com a linguagem usada, mas procuremos ir ao cerne da palavra. No caso desta visão, não é difícil entender a mensagem de Ezequiel.

Ezequiel era de família sacerdotal filho de Buzi, o sacerdote. Ele mesmo foi sacerdote. Os sacerdotes iniciavam seu serviço no templo aos trinta anos. Mas, no ano em que Ezequiel fez trinta anos ele se encontrava no cativeiro babilônico, a cerca de 1.100 quilômetros distante do templo de Jerusalém. O profeta viveu entre os exilados, sua profecia foi formulada em meio às pessoas deportadas para as terras estranhas da Babilônia.

Ezequiel era um homem de amplos conhecimentos, não somente das tradições de sua nação, mas também de assuntos internacionais e históricos. Sua familiaridade com tópicos gerais de cultura, desde a construção de navios até a literatura, é igualmente espantosa. Era dotado de grande intelecto e tinha capacidade de compreender questões de amplo alcance. Seu estilo é impessoal, mas em alguns trechos é apaixonante e bastante transparente.

Na sua segunda vinda a Jerusalém que aconteceu entre 597-598 a.C., Nabucodonosor deportou para a Babilônia o rei Joaquim e a família real junto com outros dez mil membros da elite, e Ezequiel estava entre eles. Ele era contemporâneo do profeta Jeremias, porém, ele mais jovem. Enquanto Jeremias profetizava em Jerusalém, Ezequiel anunciava a Palavra do Senhor aos que estavam cativos na Babilônia, nas proximidades do rio Quebar. Ezequiel era casado, mas sua esposa morreu durante o cativeiro.

Se realizarmos alguns cálculos, se o profeta Ezequiel tinha 30 anos quando começou seu ministério, e se essa data corresponde ao quinto ano de exílio do rei Joaquim, então pode-se dizer que Ezequiel tinha por volta de vinte e seis anos quando foi levado sobre cativo. A última data registrada no livro acorrida em 26 de abril de 571 a.C., demonstra que o ministério de Ezequiel compreendeu pelo menos vinte e três anos. As circunstâncias de sua morte são desconhecidas. Pouco se sabe de sua vida antes do chamado para o ministério profético. Seu nome significa “Deus fortalece”, o que lembra sua obra de conforto e incentivo aos exilados.

Como Ezequiel contém mais datas que qualquer outro livro profético do Antigo Testamento, suas profecias podem ser datadas com considerável precisão. Doze das treze datas especificam ocasiões em que Ezequiel recebeu uma mensagem divina. A outra é a data da chegada do mensageiro que relatou a queda de Jerusalém.

Tendo recebido o chamado de Deus em julho de 593 a.C., Ezequiel continuou no exercício da vocação por 22 anos, sendo o último oráculo recebido em abril de 571 a.C.. Se o trigésimo ano citado no capítulo 1 e versículo 1 refere-se à idade de Ezequiel por ocasião do chamado, sua carreira profética excedeu em dois anos o período normal de serviço sacerdotal. Seu período de atividade coincide com o momento tenebroso de Jerusalém e antecede em 7 anos a sua destruição, em 586 a.C., continuando por mais 15 anos após essa data.

O livro de Ezequiel faz parte da subdivisão chamada de “Profetas Maiores”, incluídas no cânon hebraico logo após Isaías e Jeremias. A Bíblia em português adota a ordem da Septuaginta e coloca Ezequiel após Lamentações. Apesar do livro sempre ter feito parte do cânon hebraico, estudiosos judeus posteriores questionam seu valor pelas aparentes discrepâncias entre sua interpretação do ritual do templo e as prescrições da lei mosaica (Divergência no número e nos tipos de animais sacrificados na Festa da Lua Nova). Os rabinos finalmente restringiram o uso público e particular de Ezequiel.

Ezequiel viveu em tempos de reviravolta internacional. O Império Assírio, que tinha conquistado e destruído o Reino do Norte, Israel no período de 721-722 a.C., começou a ceder diante dos golpes da Babilônia ressurgente. No ano de 612 a.C., a grande cidade assíria de Nínive, foi conquistada por um exército aliado de babilônios. Três anos mais tarde, o faraó Neco II do Egito marchou para o norte a fim de ajudar os assírios e tentar restabelecer a influência que o Egito tinha desde a mais remota antiguidade sobre a Palestina e a Síria. Em Megido, o rei Josias, de Judá tentou impedir o avanço do exército egípcio, e foi totalmente derrotado onde acabou perdendo sua vida durante a batalha.

Judá passou a condição de vassalo do Egito. O faraó Neco empossou Jeoacaz, filho de Josias, como rei de Judá. Jeoacaz reinou apenas três meses e foi deposto por insubordinação. Depois disso, Neco instalou Eliaquim (nome real Jeoaquim), outro filho de Josias, como vassalo real em Jerusalém no ano de 609 a.C.. onde Jeoaquim reinou por onze anos. Segundo Jeremias, o reinado de Jeoaquim foi caracterizado pela idolatria, injustiça social, roubo, assassinato, extorsão, adultério, e rejeição a aliança do Senhor.

Judá continuou vassalo dos egípcios até a batalha de Carquemis no ano de 605 a.C., quando Nabucodonosor e os babilônios venceram Neco e seu exército. Judá e Jeoaquim passaram a pagar tributos à Babilônia. Contudo Jeoaquim tentou se rebelar e se livrar do jugo babilônico, quando Nabucodonosor foi incapaz de subjugar os egípcios do faraó Neco em outra batalha que ocorreu em 601 a.C.. A estratégia de Jeoaquim mostrou ser imprudente. Os babilônios devastaram Judá para punir a deslealdade do rei vassalo. Jeoaquim morreu no mesmo mês em que Nabucodonosor iniciou a expedição para puni-lo. Ele foi sucedido por seu filho Joaquim, que teve de enfrentar a fúria de Nabucodonosor. Depois de um breve cerco a Jerusalém, Joaquim foi levado para cativo juntamente com boa parte da população de Jerusalém, inclusive Ezequiel.

Nabucodonosor estabeleceu Zedequias, tio de Joaquim, como governante de Judá. Zedequias governou até a destruição de Jerusalém que ocorreu no ano de 586 a.C.. Embora Zedequias havia se tornado o último rei de Judá, Joaquim era considerado o último governante legítimo da linhagem de Davi.

A profecia de Ezequiel é marcada por visões e ações simbólicas, onde podemos observá-las logo nos primeiros capítulos. Neles predominam a visão vocacional e também algumas ações simbólicas. Numa delas o profeta come um rolo, em outra ele realiza simbolicamente o cerco de Jerusalém. Visões e ações simbólicas similares se repetem em passagens subseqüentes. Até mesmo a morte da mulher de Ezequiel transforma-se em um gesto simbólico. Enfim, a linguagem simbólica marca amplamente o estilo deste grande profeta.

A mensagem profética e estrutura literária de Ezequiel estão intimamente ligadas. A mensagem de três partes do livro é na verdade, uma teodicéia (defesa ou interpretação do julgamento de Deus a Judá e a destruição resultante), e ela corresponde às três dimensões ou fases do ministério de Ezequiel aos exilados. É importante sabermos que os (capítulos 1 a 24) antecedem a queda de Jerusalém, e são dirigidas à casa rebelde de Judá. O propósito da comissão divina de Ezequiel era trazer a nação de Israel advertências da parte de Deus, sobre o julgamento iminente, deixar bem claro a responsabilidade de cada geração pelos seus pecados e convidar aos que tivessem aquebrantamento de coração ao arrependimento, com o conselho: “Arrependam-se e vivam”.

Após a destruição de Jerusalém ocorrida em 587 a.C., Ezequiel voltou sua atenção às nações vizinhas de Israel que participaram do “dia da angústia de Jacó” e se alegraram com ele. Mas, a sua arrogância não contaria com a isenção do juízo divino, elas também foram advertidas de que Deus estava planejando visitá-las juntamente com a Sua íra e Sua vingança por seus delitos. Nesta fase do ministério de Ezequiel, estava implícito para Israel que o Senhor Deus realmente era justo em seu governo soberano das nações.

Os profetas do Antigo Testamento pressupõem e ensinam a soberania de Deus sobre toda a criação, sobre todos os povos e nações, bem sobre o desenvolvimento da história. Em nenhum outro livro da Bíblia a soberania e o controle de Deus são expressos de modo mais claro e abrangente do que no Livro de Ezequiel. Desde o primeiro capítulo, que relata com realismo a invasão avassaladora da presença de Deus no mundo de Ezequiel, até a última expressão da visão do profeta “O Senhor está aqui”, o livro faz soar a soberania de Deus.

A soberania absoluta de Deus também se evidencia em sua mobilidade. Ele não está limitado ao Templo em Jerusalém, pode abandonar o santuário em Jerusalém, para reagir contra o pecado do povo, como também por sua imensa graça e misericórdia visitar seus filhos no exílio da Babilônia. Deus tem liberdade para condenar e também para perdoar. Seus juízos severos contra Israel refletem em uma análise mais profunda a demonstração de sua graça. Deus é santo. O pecado é uma afronta a sua santidade e deve ser julgado. Israel é uma nação rebelde, porém o exílio tem o propósito de produzir uma nação purificada, um remanescente disposto a viver em obediência a Deus.

O exílio tinha acontecido, em parte, como resultado da culpa acumulada por gerações de israelitas que tinham se rebelado contra Deus e Sua lei. Mesmo que a culpa tenha sempre uma dimensão de um todo, ou seja, toda a nação, pode-se dizer que Ezequiel enfatizou as conseqüências individuais da desobediência e da transgressão.

As visões arrebatadoras de Ezequiel foram essências para a mensagem geral do livro por dois motivos:

1ª) As visões reforçavam a veracidade do conhecimento do profeta sobre o papel divino na queda de Judá e a destruição de Jerusalém. A ênfase escatológica predominante nas visões do profeta mostrou aos exilados que as promessas de Javé ainda eram válidas, os ossos secos poderiam ganhar vida e voltarem a se reunir.

2ª) As visões de Ezequiel foram meios não convencionais de transmitir o conhecimento de Deus aos exilados. Sua visão sobre as rodas presentes na carruagem de fogo, é especial por aparecer três vezes no texto, ao contrário do chamado de Ezequiel, do julgamento de Jerusalém, e da restauração de Israel.

Os detalhes desta visão estranha e complexa, com suas criaturas bizarras e seus dispositivos fantásticos, desafiam qualquer explicação. Todavia, a intenção básica da visão é inconfundível. O Deus de Ezequiel e dos hebreus vive e reina nos céus, majestoso em sua diversidade transcendente. Ele exerce controle absoluto sobre toda a criação, mesmo os israelitas cativos na Babilônia. O próprio Senhor está numa carruagem magnífica, possibilitando seu movimento e representando sua presença em qualquer direção. Além disso, seus olhos vêem tudo e por isso, ele certamente agirá a favor do seu povo no tempo certo.

Ezequiel foi feito profeta entre exilados. Ele foi o primeiro a profetizar fora da terra de Israel. Isto significa uma ruptura decisiva na história da profecia bíblica: alguém se apresentar como profeta longe da terra santa. E este justamente vem do grupo dos sacerdotes, aqueles que mais expressamente aproximavam e identificavam a ação de Javé em profecias com a terra da promessa. Costumavam celebrar as ações salvíficas de Deus apenas em relação a Israel. Havia tendência em restringir as ações de Javé ao tamanho dos limites de Israel. Os mais exaltados até mesmo tendiam a ligar a presença de Deus apenas ao templo, templo de Jerusalém. Este lugar era tido como morada de Javé. Quem quisesse prestar culto ao Senhor, deveria peregrinar até Sião. Ali estava como que sediada a divindade.

Outros profetas se preocuparam em grande parte com a idolatria de Israel, com degradação moral, com as intrigas e alianças com povos estrangeiros para se proteger, deixando de confiar no Senhor. Proclamam o juízo divino, mas também falam da restauração e redenção futura.

O vasto alcance da mensagem de Ezequiel tem semelhança com tudo isso, a grande diferença é que ele focaliza Israel de modo incomparável como povo santo. Israel, ao contaminar o culto que prestava ao Senhor Jeová, tornara-se impuro e contaminara o templo, a cidade, o pais inteiro. Diante dessa contaminação, Deus teria de retirar sua presença e castigar o povo com destruição.

Mas a fidelidade de Deus para com a aliança e seu desejo de salvar eram tão grandes, que Ele novamente lançaria um novo avivamento sobre o seu povo, sendo Ele compassivo com as suas ovelhas, purificando suas impurezas e os recolocando de volta ao lugar de onde nunca deveriam ter saído se tivessem se mantido fiel ao Senhor.

As revelações proféticas de Deus através de Ezequiel foram transmitidas aos hebreus oralmente e, ao que tudo indica registradas em data posterior, conforme comprovam expressões como “diga-lhes”, “conte uma parábola”, “pregue”, e muitas outras citações. A falta de ordem cronológica rígida da literatura pode ser evidencia da compilação dos oráculos por Ezequiel, já que é provável que se fosse outro a organizar, teria se preocupado com a seqüência exata do material, já que existem datas no texto que poderiam ser seguidas.

Nenhum outro livro profético contém tantas informações cronológicas como Ezequiel. O profeta era consciente da importância de sua mensagem para aquele momento histórico. A cronologia da segunda metade do primeiro milênio antes de Cristo incluindo o período de Ezequiel é conhecida através dos registros cronológicos da Bíblia e de outros documentos, em diversas línguas, provenientes do antigo Oriente Próximo. Observações astronômicas registrados por antigos escribas permitem relacionar os calendários antigo e moderno com um alto grau de confiabilidade. Ezequiel contém indicações de data em diversas passagens. Estas datas situam-se no período entre 593 a 573 a.C.

Ezequiel é o único livro profético inteiramente autobiográfico. Ele foi escrito na primeira pessoa a partir da perspectiva do próprio profeta. Se comparado com outros livros proféticos, Ezequiel apresenta um número maior de ações simbólicas. O profeta se identificava com sua mensagem: ele sofreu no próprio corpo as conseqüências de representar Deus diante do seu povo, e de representar a nação sob o julgamento de Deus.

QUE DEUS TE ABENÇOE... Leandro Borges
Leandro Borges
materiasparamensagens@gmail.com

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