Palavra Profética para Líderes que Brilham
Alguém me falou recentemente sobre uma profecia que declarava que os pastores do Brasil seriam muito provados durante os próximos seis meses. Esse comentário surgiu no contexto de vermos muitos pastores com seus casamentos em frangalhos; muitos com conflitos sérios e destrutivos com outros pastores ou dentro de seus lares ou igrejas; e muitos estressados, agindo na carne e ferindo outras pessoas. Falei para meu amigo pastor que a profecia possivelmente seja verdadeira, mas não acho que este ciclo de provações se encerra no final de seis meses! Os pastores hoje enfrentam mais problemas do que nunca por virem de famílias disfuncionais; por terem líderes feridos que também vêm de famílias disfuncionais; e por serem confrontados constantemente pelos gigantes espirituais desta época: individualismo, hedonismo (a entrega ao prazer), materialismo e relativismo.
Além dessas batalhas, Deus me impressionou de forma séria que nós que estamos à frente do pastoreio de líderes, enfrentamos três gigantes espirituais que lutam para nos derrubar. Se não acordarmos para o fato de que necessitamos resisti-los no poder do Espírito, perderemos nossa função no Corpo de Cristo. “Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens” (Mt 5.13).
O primeiro gigante é a falta de integridade. Este problema é maior do que percebemos. Levantamos uma bandeira grande e bonita quanto a como devemos viver. Dizemos que pretendemos ser líderes referenciais, maravilhosos em nossos relacionamentos, amando a Deus acima de tudo e ao nosso próximo como a nós mesmos. Resumindo meu artigo, O Líder que Brilha, há sete relacionamentos principais em que devemos brilhar:
1. Relação com Deus: Ai de nós se falarmos sobre isso com outros e não andarmos como verdadeiros amigos íntimos de Deus; se não somos pessoas dedicadas à Palavra e à oração; se nós nos deixamos ser levados por outras vozes e outras tarefas (At 6.1-4); se não ouvimos d’Ele constantemente; se não fazemos apenas o que Ele faz (Jo 5.19, 20a).
2. Relação consigo mesmo: Ai de nós se falarmos de saúde emocional e espiritual mas não vivenciarmos isso em nossas próprias vidas. Ai de nós se fazemos proezas em nome de Jesus, se nossas igrejas crescem, se somos louvados pelos homens nos lugares altos da cidade, se somos convidados para todo e qualquer lugar como preletores, mas não amarmos realmente (1 Co 13.1-3). No caso de não guardarmos um dia de descanso, de não cuidarmos de nosso coração, de não atentarmos para nossas próprias vidas, de não cuidarmos de nossos corpos físico, nos tornaremos pessoas cegas liderando outras cegas.
3. Relação com nossa família: Ai de nós se nossos cônjuges sentem peso por estarem casados conosco. Uma esposa de pastor me falou a semana passada, “Eu não queria ser esposa de pastor porque via que quase todas elas eram reprimidas, abafadas ou deprimidas. E agora me encontro exatamente no mesmo lugar.” Outro pastor me contou que sua esposa estava voltando para ele depois de um período de separação, mas pediu primeiro um mês de luto já que a percepção que ela tinha era de perder sua vida por voltar a ser casada com ele. Ai de nós quando as pessoas dizem “Que Deus tenha misericórdia de Fulana por ser casada com o pastor... ou, que tenha misericórdia de seus filhos...”
4. Relação com um grupo pastoral: Ai de nós se não tivermos escudeiros que se reúnem conosco semanal ou quinzenalmente, nos ajudando com a prestação de contas e nos assessorando nos problemas que enfrentamos (Ec 4.7-12). Não conheço nada melhor do que as dez perguntas de prestação de contas para estabelecer um cuidado preventivo contra os maiores problemas que destroem os líderes. Pessoalmente, eu não quero confiar minha vida, reputação ou o ministério de Cristo para ninguém que não tenha esse tipo de cobertura e acompanhamento.
5. Uma equipe que brilha:[1] Para o pastor, essa é a equipe pastoral. São os líderes principais aos quais dedicamos nossas vidas, como Jesus fez com seus discípulos (Jo 17.19). Ai de nós quando reproduzimos segundo nossa espécie e acabamos tendo líderes sobrecarregados, estressados, sem tempo para seu Deus e sua família. Ai de nós quando o ministério se torna um ídolo e medimos nosso valor segundo nosso ministério. Ai de nós também quando lideramos sozinhos, não conseguindo equipar outros e torná-los verdadeiros ministros e equipe conosco.
6. Um líder pastoral ou mentor: Ai de nós quando dizemos que os que nos seguem devem ter um líder pastoral, quando nós mesmos não o temos. Essa falta de integridade e autenticidade acaba com nossa autoridade espiritual e nos deixa vulneráveis a Satanás e a suas estratégias prediletas como o orgulho (1 Tm 3.6). Como o centurião falou para Jesus, ele era um homem debaixo de autoridade e por isso conseguia liderar com autoridade e confiança. Ai de nós se nos acomodarmos e não tivermos alguém que, acreditando profundamente em nosso potencial, nos desafie e insista que cresçamos para sermos mais parecidos com Jesus e avançar de glória em glória em nosso ministério.
7. Amigos íntimos: Ai de nós se nossos relacionamentos todos se resumem em ministério. Precisamos desesperadamente de pessoas com as quais possamos ser simplesmente gente, desfrutando da vida, sendo nós mesmos sem a necessidade de nos preocupar com o que os outros pensam. Ninguém é realmente íntegro, verdadeiro e saudável se sua vida gira totalmente em volta de ministério e trabalho, sentindo que precisa ser sempre um exemplo para todo o mundo.
Á luz de tudo isso, o primeiro gigante que nós líderes pastorais enfrentamos é não sermos íntegros: sermos hipócritas e falsos. A integridade é importante para todo crente, mas se torna ainda mais importante para nós porque ensinamos a outros como devem viver (Tg 3.1, 2). Assim, precisamos dedicar tempo aos relacionamentos descritos acima, não só porque nos tornam excelentes, mas também porque nos protegem de sermos falsos. Nos ajudam a descobrir pequenas falsidades ou áreas que precisamos mudar para que não acumulem e cresçam ao ponto de se tornarem fortalezas e destruir nossas vidas e ministérios.
O segundo gigante que nos derrota é a sobrecarga. Quando estamos sobrecarregados as primeiras coisas que sofrem são nosso relacionamento com Deus, conosco mesmo e com nossa família. Se ficarmos cronicamente sobrecarregados, que é o caso da maioria de nós, logo todos os relacionamentos acima sofrerão.
Pior ainda se ensinarmos sobre a vida simples[2] e cairmos na falta de integridade de não viver assim. Sempre que aprendemos uma verdade e não a vivemos, algo morre dentro de nós.
Pessoas sobrecarregadas se tornam pessoas estressadas e esgotadas. Acabam não cumprindo sua palavra porque falam “sim” a mais pessoas do que conseguem corresponder. As pessoas até gostam de nós, mas não confiam mais em nossa palavra. Pior ainda, o estresse e o cansaço nos levam a agir na carne. O “velho homem”, “o velho ________” (coloque seu nome aqui), surge com força. Fazemos coisas que machucam outras pessoas e nem percebemos. Como Jeremias Pereira falou certa vez em relação a At 20.28-30, todos nós temos um pouco de lobo dentro de nós. Olhemos para os heróis da fé na Bíblia. Dificilmente encontraremos um que não tenha “pisado feio” na bola. O estresse nos leva a fazer isso. Ai de nós se nem percebemos e achamos que continuamos agindo em nome de Jesus nos momentos em que fazemos mal aos outros.
Nossa sobrecarga crônica acaba se tornando uma fortaleza, algo pecaminoso e errado sobre o qual criamos argumentos que nos apoiam em nosso erro. Esta fortaleza é resultado de falta de fé em Deus; de acreditar que nós somos “salvadores da pátria” e não Ele. E Deus não tolera que pessoas tomem o lugar d’Ele, assumindo o papel d’Ele, recebendo a honra e a glória que são apenas d’Ele. Esse foi o motivo principal da exclusão de Moisés da terra prometida (Num 20.12). Será que não estamos nos achando melhores do que ele, o maior profeta de todo o Antigo Testamento (Dt 34.10-12)?
Paulo, falando de fortalezas, diz que existe somente uma coisa para ser feita com elas: Destruí-las (2 Co 10.4-6). Não é para negociarmos, nem procurar aconselhamento para saber como “tratá-las”, ou simplesmente fazer alguns ajustes. Precisamos realmente destruir as raízes que nos levam a tentar encontrar nossa identidade no ministério, nós fazendo acreditar que somos muito mais servos do que filhos. E a única forma de mudar nossa identidade de servo para filho é através de uma profunda crise. Se a crise está surgindo, abrace-a. Deixe Deus cumprir tudo o que ele quer fazer quanto a destruição de uma velha forma de agir e pensar para que nasça uma nova identidade de verdadeiro filho de Deus.
O terceiro gigante é permitir que brechas surjam sem serem tratadas; conflitos não resolvidos através do tempo se tornam fortalezas. Duas vezes nos últimos seis meses passei três dias inteiros ajudando pastores a resolverem conflitos que se multiplicaram, envolvendo totalmente outros pastores, às vezes os cônjuges, e suas equipes. Nas duas vezes Deus agiu de forma sobrenatural com quebrantamento, cura e reconciliação. Ao mesmo tempo, houve conseqüências negativas impossíveis de resgatar.
Ai de nós quando nos colocamos acima da correção. O livro de Provérbios está cheio de advertências quanto a não ser “ensinável”. Chama tais pessoas de tolas.
Infelizmente, quando estamos estressados ou temos feridas do passado quanto a rejeição, temos a tendência de perceber a correção como rejeição. Nos armamos. Nossos mecanismos de defesa se erguem automática e inconscientemente. Achamos que não somos compreendidos, apoiados ou amados e nos afastamos das pessoas que achamos estarem interessadas apenas em nos criticar. Ou então, com uma certa facilidade, explicamos para as pessoas que elas erraram em suas perspectivas. Lhes respondemos apenas no nível da mente. A dor no coração delas não é resolvida; na verdade, aumenta. Ainda sentem que nós temos problemas, mas agora sentem que não estamos aberto a suas perspectivas. Nos acham fechados. Além disso, podem passar a carregar o peso de sentirem-se erradas em suas perspectivas. Não sabem a quem recorrer. Com facilidade essa dor se torna contagiosa e pode ser a base para saírem da igreja. Saindo, elas podem repetir essa história triste em outra igreja, nunca curadas e nunca encontrando um pastor que lhes ouça o coração. Pior ainda é quando ficam na igreja e a dor gera sementes de medo, raiva e amargura que crescem e contagiam a outras pessoas. Muitas vezes isso está por trás de divisões na igreja e de pastores serem forçados a deixar suas igrejas.[3]
Temos que levar muito a sério nossos conflitos.[4] Acho que foi Henri Nouwen que disse que nosso maior orientador espiritual é a pessoa com a qual temos mais dificuldades. Deus quer trabalhar em nossas vidas através dessas pessoas. E Satanás quer nos destruir induzindo-nos a protelar a solução desses conflitos e a não levar a sério a advertência de Jesus de deixar nossa oferta no altar se soubermos que alguém tem algo contra nós e ir imediatamente cuidar de resolver nosso problema com esta pessoa (Mt 5.23-26). A ira não é um pecado; o que se torna pecado, brecha e até fortaleza é quando deixamos o sol se pôr sobre nossa ira, dando espaço para Satanás em nossas vidas e em nossas igrejas (Ef 4.26, 27).
Recentemente escrevi um artigo Mestres em Reconciliação e Pedir Perdão. Tiago, no contexto de falar para mestres (líderes), diz que todos tropeçamos de muitas maneiras (Tg 3.1, 2). Sendo assim, temos que ser realmente especialistas em contornar isso, já que como líderes nossos tropeços atingem um número bem maior de pessoas e facilmente as atingem da pior forma. Não podemos nos dar o luxo de permitir conflitos não resolvidos em nosso meio. Fazer isso é convidar Satanás a nos destruir.
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