domingo, março 09, 2014

"O REI ESTA VOLTANDO.......


“Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais” 1 Rs 19:4.

Há dias que coisas acontecem como que do nada. De repente, olho para a estante e leio o título de um livro que ganhei meses atrás, o qual chamou-me a atenção: “Só merece o doce quem provou o amargo”. Logo que iniciei a leitura, percebi que tinha tudo a ver com o assunto em apreço. Além de ser pertinente, o livro tem um excelente conteúdo. A Editora é a MK. O escrito é Alex Cardoso, pastor e presidente da Assembleia de Deus em Itaguaí, RJ.
Na página 11, do livro supramencionado, li o seguinte:
- “Um é o sofrimento do(s) outro(s); outro é o nosso.
O do(s) outro(s) pode gerar em nós indiferença, interesse ou envolvimento. Por mais que seja, se não nos envolvemos, dele nos esquecemos.
(...)Quando o sofrimento é nosso, as coisas são diferentes. De Deus queremos saber por quê? Dos outros, queremos solidariedade. No entanto, nem sempre Deus responde (ou, se responde, a resposta não nos agrada) e, para doer mais, nem sempre nossa batalha encontra aliados”
E o nosso sofrimento tem várias facetas, mas a principal é que é maior do que os outros.”
Elias estava vivendo uma crise existencial. Enquanto ele lutou para libertar Israel da idolatria, nada o incomodava. Após o sucesso, “a ficha caiu” e a crise se mostrou maior que os adversários por ele derrotados.
Ao saber que a rainha Jezabel queria “sua cabeça num prato”, tratou de fugir. E em sua fuga, escondeu-se numa caverna e desejou a morte.
De volta ao livro já citado, na página 13, lemos:
- “O sofrimento é um fato da vida ao qual não podemos escapar – todos precisamos aprender como caminhar através da dor. Nas palavras de J. Wallace Hamilton: “A vida de cada um de nós é um diário, no qual pretendemos escrever uma história, mas somos forçados a escrever outra”.
Quiséramos, todos, que nossa história fosse só de belos contos e impactantes relatos de sucesso. Mas, como falar de sucesso sem luta, sem suor, sem lágrimas, sem oração, sem jejum etc.? As histórias mais preciosas da vida dos heróis de Deus são eivadas de dramas e desafios.
Na página 15, lemos:
“Quando as pessoas são derrubadas pelas vicissitudes, o que conta é a rapidez com que se levantam. Existe uma relação positiva entre maturidade espiritual e a rapidez com que o indivíduo reage aos fracassos e erros. As pessoas espiritualmente maduras têm maior capacidade de se levantar e prosseguir que as imaturas. Quanto mais imaturo o ser humano, mais tempo demora a se recuperar do golpe ou nocaute. Deus, todavia, não nos vê como um fracasso. Ele nos vê como aprendizes”.
Nosso grau de maturidade pesará - e muito – em nossas decisões e reflexões da vida.
Elias era um homem cuja intimidade com Deus transcendia à realidade de seus contemporâneos. Ainda assim, o esgotamento espiritual o surpreendeu logo após uma grande conquista.
É preciso estarmos sempre atentos, não só com os aspectos exteriores de nossa jornada; sobretudo, temos que olhar introspectivamente para não sermos traídos pelas emoções e sentimentos próprios.
Embora descuidemos, inúmeros vezes de nosso homem interior, o que nos consola a sabermos que Deus nos criou e “lembra-se que somos pó”. “Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó” Sl 103:14.
Na página 16 do livro “Só merece o Doce quem provou o Amargo”, lemos:
- “Infelizmente, temos visto muitos cristãos que já se acostumaram a viver irritados, ressentidos e amargurados por determinadas coisas terem terminado em fracasso. Fatos que não serão alterados nem sequer um milímetro por toda a eternidade. Ressentir-se por problemas irremediáveis é suicídio emocional. É bater a cabeça contra a parede e piorar ainda mais o drama pessoal.
(...) Diante disso, só nos cabem duas atitudes: ou confiamos que Deus transformará o mal em bem, ou nos amarguramos por toda vida.
É bom que se diga também que o sofrimento, a solidão e a provação não purificam por si mesmos. Dependem da atitude que se adore frente a eles. Nas palavras do psiquiatra Dr. Viktor Frankl: “Quando não se pode modificar o destino, é preciso assumir uma atitude positiva diante dele. O que realmente importa é a atitude que o homem adota ante um destino irremissível.”
QUARTO, nunca se esqueça que Aquele que nos fez, conhece nossos limites. “Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais. E deitou-se, e dormiu debaixo do zimbro; e eis que então um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te, come.” 1 Rs 19:5,4. Diante das palavras estressadas de Elias, era preciso que ele tirasse um boa noite de sono. O sono faria bem ao corpo e à mente do profeta.
“Um cristão que passe por um esgotamento espiritual deverá apresentar alguns sintomas bastantes característicos: Um cansaço e um desânimo intenso, especialmente ao que se refere a Deus e a Igreja. Consequentemente, a falta de comunhão e o desejo de isolamento acompanharão a crise daqueles que como Elias sentem o desejo de fugir para uma caverna e não encontrar ninguém pela frente.
Estas pessoas também percebem em suas vidas uma interrupção em seu progresso espiritual, sentem-se estagnadas, não conseguem mais aprender ou seguir em frente. Sua fé está enfraquecida, algo que é difícil de admitir, mas estão com grande dificuldade em crer nas promessas da Bíblia e na ação de Deus em suas vidas.
Não poucas vezes também sofrem de uma espécie de síndrome de perseguição, sentindo que todos à sua volta estão contra elas e que ninguém as ama, o que inclui a Deus, infelizmente. E como um escudo de autodefesa, podem ainda desenvolver um espírito crítico aguçado, e passar a disparar sua metralhadora rancorosa em direção a todos à sua volta.
Crises como esta podem ser bastante intensas e atingir uma pessoa de forma repentina; como talvez tenha sido o caso de Elias. Mas podem também ocorrer de forma gradual e lenta, sem que a pessoa perceba que está caminhando para um fosso espiritual.” www.vozebriza.blogspot.com
Elias enfrentara uma guerra espiritual terrível no monte Carmelo.
“O Carmelo, que significa jardim, é uma cadeia de colinas que termina por um promontório perto de Haifa em Israel, lugar de culto desde a antiguidade, citado pelo profeta Isaías (o esplendor do Carmelo) entre os dons de Deus a seu povo.
Cinco Séculos depois de Moisés, Elias, homem de Deus, morou aí em solidão, vestido com uma larga cintura de pele e de uma peliça, como posteriormente João Batista no tempo de Jesus.
(...) O culto fenício de Baal é (fora) introduzido como alternativa ao pacto de Moisés com Aquele que é. Elias e os seus discípulos defendem o monoteísmo. O profeta repreende duramente o rei que traiu a Aliança, e vive depois escondido perto da torrente de Kerit só em comunhão com Deus; finalmente desafia os profetas de Baal no monte Carmelo, diante do povo: «Até quando sereis vós coxos de ambos os pés? Se o Senhor é Deus, Segui-O. Se, pelo contrário, é Baal, segui-o!» O poder de Deus manifesta-se, e Elias pensa ter vencido definitivamente; mas teve de fugir ameaçado de morte pelos fiéis do Deus pagão. Ele esconde-se no deserto e aí deseja morrer: «Agora basta, Senhor! Toma a minha vida porque eu não sou melhor que meus pais».
É a prova da sua fé; não é fácil possuir a Deus e ser defendido por Ele; quando os meios humanos desaparecem fica somente a fidelidade nua.”
As palavras de Elias – “(...) não sou melhor do que meus pais” – revelam toda a sua amargura. O que ele queria dizer com isso? ‘Deus eu sou um fracasso, tanto quanto meus pais’. Não valho mesmo um centavo!
Elias ficou abalado ao sofrer resistência dos que seguiam a Baal e de Jezabel. Sentiu que sua integridade física corria risco; melhor que morrer nas mãos de idólatras, seria morrer no monte, na presença de Deus.
“Mas Elias aprendeu a suportar a derrota aparente da religião do seu Deus esperando sem impaciência o triunfo, que ele não verá durante a sua vida sobre a terra; a subir à montanha sem tomar posse dela, como Moisés viu mas não habitou a terra prometida. Os pensamentos de Deus estão para além dos seus pensamentos; permanecem incompreensíveis, eles inflamam o seu amor ardente.”

QUINTO, nunca se esqueça que Deus sabe como nos tratar. Nos alegra saber como Deus tratou do esgotamento espiritual de Elias e de seu pecado de autocomiseração. Após uma noite bem dormida, ao acordar Elias tinha um saboroso “breakfast” à sua espera. “E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se. E o anjo do Senhor tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho. Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus” 1 Rs 19:6-8.
Deus jamais permitirá que suportemos além daquilo que somos capazes. Conhecedor de nossos limites, Ele providencia os recursos para que sigamos viagem. “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” 1 Co 10:13.
Impressiona-me o fato daquela comida ter sustentado Elias por 40 longos dias! Ele caminhou até chegar a Horebe, o monte de Deus. “Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão; Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão” Is 40:29-31. Certamente, Deus serviu uma comida rica em vitaminas de fé e poder, e sais minerais de obediência e coragem.
Não podemos esquecer que “Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos” (Tiago 5:17).
De onde vinha, então, o seu poder? A resposta é clara: ele dependia do Senhor. Ele confiou, não em si mesmo, mas na força do Senhor, e Deus pôde operar através do Seu servo. Deus é quem o fortalecia (1 Reis 18:46), e também foi Deus quem cuidou dele durante o seu ministério. Em três ocasiões diferentes, o Senhor providenciou alimento de forma milagrosa para Elias, alimento indispensável para que ele pudesse continuar testemunhando do Senhor: junto ao ribeiro de Querite (1 Reis 17:5,6), na casa da viúva de Sarepta (17:9) e no deserto (19:4-7).
Na terceira vez quando Deus proveu comida para Elias, ele estava assentado sob um zimbro. Esta planta, que é mencionada só mais duas vezes na Bíblia, sempre nos fala de coisas ruins. Em Jó 30:4, lemos de “filhos de doidos, e filhos de gente sem nome” (v. 8), que se alimentavam de raízes de zimbro; e em Salmo 120:4, vemos as brasas vivas de zimbro relacionadas com a língua enganadora (v. 3). Este fato reforça a triste situação de Elias, fugindo, no deserto, debaixo de um zimbro, pedindo a morte para Deus.

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